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A Cadeia de abastecimento farmacêutica e o mercado farmacêutico no Brasil 


1 - Introdução
O ambiente bastante competitivo da indústria farmacêutica no Brasil, faz com que as empresas de capital nacional, indústria farmacêutica brasileira, busquem a diferenciação no mercado trabalhando com flexibilidade e agilidade e buscando constantemente a otimização de toda cadeia para atender ao mercado interno, atendendo a normas vigentes (legislação) e órgãos governamentais, principalmente a ANVISA.
Os insumos utilizados na indústria farmacêutica são em sua maioria insumos produzidos fora do Brasil, principalmente os ativos farmacêuticos, sendo que o fornecimento local de insumos é feito por importadores que distribuem os mesmos no mercado local, administrando todo processo logístico: desde identificação de fornecedores e fabricantes de insumos no exterior, como também a qualificação dos mesmos e desenvolvimento no mercado local Brasil.
Estas opções qualificadas pelos fornecedores locais, seja via estoque local ou disponibilidade via importação direta, como também o alinhamento das necessidades de insumos como também planejamento do estoque local.

2 - Mercado farmacêutico no Brasil
Para entender o mercado farmacêutico no Brasil, é importante conhecer seus antecedentes, conforme segue:            
A indústria farmacêutica no Brasil teve o seu nascimento e desenvolvimento no período de 1890 e 1950, mais tardiamente portanto do que o observado nos países europeus que, já no século XIX, observavam avanços notáveis neste segmento. Segundo Ribeiro (2000), o desenvolvimento inicial da indústria farmacêutica no Brasil, “guarda forte relação com a instituição da saúde pública, das práticas sanitárias de prevenção e combate às doenças infecciosas e, em especial, com as instituições de pesquisa básica e aplicada”.
O perfil do segmento farmacêutico no Brasil sofreu uma mudança brusca a partir dos anos 50. A adoção de medidas e planos desenvolvimentistas, como os verificados na gestão do presidente Juscelino Kubitschek e do período militar, abriram as portas do setor às empresas de capital estrangeiro, dotadas de maior know-how e recursos financeiros, que foram responsáveis pela eliminação de boa parte da concorrência dos laboratórios nacionais. A década de 80 foi conhecida como um período de estagnação econômica e de descontrole inflacionário. Os investimentos produtivos foram escassos, muito em função da opção da grande maioria das empresas em privilegiar os ganhos obtidos com aplicações financeiras.            
No intervalo que vai de 1980 a 2000, as empresas nacionais passaram a enfrentar outros tipos de dificuldades (da Silva , 2002) sendo as principais:
a) Controle de preços do governo;
b) Lei de patentes reforçando os monopólios;
c) Dificuldade de acesso à mídia;
d) Dificuldades advindas de questões culturais brasileiras como o baixo prestígio dado aos produtos nacionais em comparação com os importados;
e) Ausência de políticas industriais de longo prazo, que poderiam permitir os investimentos em melhoria e dinamização do setor;
f) Aumento do grau de exigência na concessão de registros de novos medicamentos por parte da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA).

No presente, uma das maiores reivindicações da indústria nacional é a formulação de políticas que permitam e fomentem o investimento do setor privado nacional na produção de fármacos e medicamentos.      
A indústria farmacêutica brasileira tem sido alvo de inúmeros e intensos debates, tais como: a mudança da legislação patentária, a legislação sobre os medicamentos genéricos, controle de preços e política industrial.
Para entender o mercado farmacêutico é importante termos ideia do que movimenta no mundo o mercado farmacêutico, como também oportunidades e ameaças. Segundo portal farmacêutico, o mercado farmacêutico deve movimentar  US$ 830 bilhões (portal farmacêutico www.pfarma.com.br).
A consultoria IMS Health informou que o mercado global farmacêutico deverá movimentar em 2010 entre US$ 820 bilhões e US$ 830 bilhões, um crescimento de 4% a 6% em relação a 2009. Nos últimos cinco anos, as vendas globais das indústrias cresceram cerca de 40%. Os países do Bric (Brasil, Rússia, Índia e China) deverão ser o motor de expansão nos próximos anos, segundo a IMS.         
O Brasil ocupa a 11ª posição no ranking do mercado farmacêutico mundial e é o maior mercado na América Latina (Fonte: www.ifs.org.uk).
As políticas dos governos a favor dos produtos genéricos e a expiração de patentes de remédios de marca são alguns dos fatores responsáveis por esse avanço. No Brasil, as vendas totais de medicamentos em 2009 somaram R$ 30,2 bilhões, dos quais 15%, ou R$ 4,5 bilhões, foram de genéricos, segundo informou a Pró-Genéricos (Associação Brasileira das Indústrias de Medicamentos Genéricos). De cada 100 unidades vendidas no país, 20 são de genéricos.        
A expectativa é que até 2013 o mercado brasileiro cresça entre 8% e 11% e o chinês, entre 23% e 26%, segundo Fábio Reis (Portal farma 02/2010). O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), publicou que um dos destaques do ano passado (2009), foi o segmento farmacêutico com o crescimento de 7,2% no ano.         
Característica do Mercado Brasileiro farmacêutico, (Cleila G. Pimenta Bosio - Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial II Fórum Nacional de Competitividade da Cadeia Produtiva Farmacêutica no Brasil, Brasília DF em 02/12/2010), descreve assim:
• 550 indústrias farmacêutica (CFF, 2010)
• Forte presença de multinacionais;
• Aumento da participação no mercado por indústrias nacionais;
• Movimento de fusões e aquisições
• Tendência do aumento do Déficit da Balança Comercial;         

O mercado farmacêutico do país conta com três categorias de medicamentos: os remédios de marca, os genéricos e os similares.  

É importante analisar as vendas dos medicamentos genéricos no Brasil, pois cresceram bastante na última década, veja dados janeiro 2003 até janeiro de 2015 (Fonte IMS):



Abaixo dados mercado farmacêutico Brasil, vendas em dólares, período de 2003 até 2014, dados fonte(IMS Health) dados adaptado pelo autor em valores anuais totais:

O mercado farmacêutico em totais de 2003  até 2014, conforme dados SINDUSFARMA / IMS Health, as vendas em dólares (Crescimento médio de 17,88%) foram as seguintes:


4 - A Cadeia produtiva da indústria farmacêutica      
A cadeia produtiva da indústria farmacêutica constitui-se da etapa química, em que são sintetizados os fármacos e os aditivos, e da etapa farmacêutica, na qual se produz o medicamento final.      
A etapa de síntese química utiliza como insumos produtos gerados na indústria química básica e é realizada geralmente em grande número de etapas intermediárias, que podem ultrapassar 20 em alguns casos. Cada uma dessas etapas gera produtos purificados, para os quais há oferta de mercado e que servem como matérias-primas nas etapas seguintes da síntese. Portanto, a síntese de um principio ativo pode ser iniciada em qualquer um desses estágios, com a aquisição do produto intermediário externamente, e tornar-se, consequentemente, mais ou menos complexa. Os produtos gerados na etapa de síntese recebem as seguintes designações:
• intermediários de síntese, que são qualquer um dos produtos gerados intermediariamente no processo de síntese do princípio ativo; e
• intermediário de uso, que é o princípio ativo final, a ser utilizado na produção do medicamento.

Classificação dos medicamentos, os medicamentos podem ser classificados segundo diversos critérios: emprego terapêutico, estrutura química, forma de comercialização e ação farmacológica. A seguir é apresentada a classificação segundo a forma de comercialização, pela qual os medicamentos são considerados:
• Éticos (Rx), que necessitam de prescrição médica para venda, ou
• de venda livre (conhecidos mundialmente como OTC – over-the-Counter
counter), que podem ser vendidos sem exigência de prescrição médica.
            
A Atualmente, o setor industrial farmacêutico é constituído por aproximadamente 369 empresas, sendo 17% delas de capital estrangeiro e 83 % de capital nacional. Concentram-se em sua grande maioria na região sudeste, gerando algo em torno de 50.000 empregos diretos e 250.000 indiretos (dados Abifarma 2000).      

É um setor caracterizado pela pulverização de mercado onde nenhuma empresa detém mais do que 8% do mercado (Campos et al , 2001). O número de apresentações comercializadas gira em torno de 11 mil. Com o advento do controle de preços estabelecido pelo governo nos anos de 2002 e 2003 (CMED - Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos), a indústria farmacêutica não tem conseguido repassar a seus clientes parte da elevação de custos de insumos que, em boa parte, são atrelados ao dólar.            
Segundo Pinheiro (1999), os mecanismos factíveis de regulação farmacêutica pelo Estado, os principais mecanismos de regulação farmacêutica pelo Estado, a regulação tem basicamente duas metas: considerações de ordem sanitária e de ordem econômica.            
As considerações de ordem sanitária, tem como meio os serviços de controle da qualidade dos medicamentos. Enquanto as considerações de ordem econômica os serviços de controle de custo de medicamentos.            
O mercado farmacêutico nacional basicamente formado por empresas nacionais com atuação fortemente local atuando com medicamentos referência, similares e genéricos, basicamente.
Mercado Mundial farmacêutico é constituído, basicamente:
• Oligopólio liderado por empresas de grande porte com estratégia globalizada;
• Intensificação do processo de fusões e aquisições;
• Tendência de terceirização de alguns elos da cadeia produtiva;

O mercado mundial é constituído, (conforme dados IMS Health - World Drug Purchases), o total de US$ 403,973 Bilhões de dólares, sendo:


MERCADO MUNDIAL MEDICAMENTOS (Dados IMS Health - World Drug Purchases)
Região
%
Valor US$
América do norte
54,10%
218,549
Europa
25,3%
102,205
Japão
14%
56,556
América latina 5,2%,
5,2%
21,006
Austrália e Nova Zelândia
1,58%
6,382
O ranking do mercado mundial, por países, estava constituído da seguinte ordem: 1º EUA, 2º Japão, 3º Alemanha, 4º França, 5º Inglaterra, 6º Itália, 7º Canadá, 8º Espanha e 9º posição o Brasil.
A indústria farmacêutica globalmente tem sido intensamente marcada por mudanças tecnológicas e organizacionais e por transformações na estrutura e geografia da própria indústria e de seus mercados. A ocorrência de um intenso e contínuo fluxo de fusões e aquisições foi causada, essencialmente, pela busca de maiores rentabilidade, poder de investimento e penetração no mercado e novos mercados. O processo culminou na formação de uma estrutura industrial de natureza mundial dominada por grandes conglomerados farmacêuticos as chamadas “Big Pharma’s” – que dividem entre si um mercado bilionário.
Além disso, a indústria farmacêutica é fortemente influenciada por mudanças no mercado e na estrutura da concorrência entre as empresas (por exemplo, a introdução dos medicamentos genéricos) e por mudanças nas estruturas organizacionais através de megafusões e aquisições no mercado brasileiro e mundial.
A Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos - CMED, que antes era do Ministério da Justiça, mantendo a ANVISA no papel de Secretaria-Executiva. Permanece o Ministério da Saúde e a ANVISA, portanto, no topo do processo regulatório do setor farmacêutico brasileiro, ao lado de outros ministérios. A CMED existe para acompanhar os números do mercado, criar políticas de regulação, além de evitar e coibir excessos em relação a preços, conforme ANVISA. 
No que se refere ao controle de preços, a CMED, em 2003, implantou um procedimento de reajustes de preços anuais, com data-base em março, conforme um modelo de preço-teto seguindo o método Price-cap Regulation (Essa forma de regulação de preços foi implementada por Stephen Littlechild no Reino Unido – ver Alexander e Irwin (1996) – e apresenta, como característica, o fato de incentivar a produtividade individual das empresas, pois supõe que uma evolução da produtividade do setor acontece a cada período, e, se a empresa não se ajusta a tal evolução, tem seu preço reduzido, mesmo que seu custo não tenha diminuído.). De acordo com essa metodologia, o preço-teto é descrito pela soma de quatro componentes, como mostrado abaixo: variação do índice de preços ao consumidor amplo (IPCA) do IBGE; variação de produtividade (X); e um fator de ajuste de preços relativos entre o setor (Y) e o intrassetor (Z).
Conforme Fiúza, Eduardo P. S e Caballero, Barbara (IPEA outubro 2010) sobre Estimações de entrada de medicamentos genéricos no Brasil usando modelo de contagem versus modelos ordenados, descreve que:
“A década de 1990 foi uma época de grandes transformações no mercado brasileiro. Controles de preço como um todo foram substituídos por uma moderna legislação antitruste. Uma nova lei antitruste foi aprovada em 1993, e posteriormente reformada em 1994 (Lei no 8.884). Controles de preços de produtos farmacêuticos foram eliminados gradualmente em 1992, seguidos de uma série de picos de aumentos. Investigações antitrustes por aumentos abusivos de preços foram então encaminhadas ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) – um entendimento equivocado do espírito da nova legislação antitruste. Quanto à substituição de importações, o processo também foi revertido. Tarifas de importação já tinham sido reduzidas e barreiras não tarifárias desmanteladas a partir de 1989. O índice de conteúdo local dos medicamentos comercializados no Brasil consequentemente desabou.”
Com relação aos insumos farmacêuticos, foco deste estudo de caso, a ANVISA como órgão anuente, atua desde o inicio da cadeia produtiva para assegurar a qualidade na produção de medicamentos, responsável pela autorização de funcionamento das empresas e controle sanitário dos insumos farmacêuticos, além disso, a ANVISA implementou o cadastramento dos insumos farmacêuticos ativos para empresas que exerçam a atividade de fabricar, importar, etc. Conforme informativo no portal ANVISA acesso em 08/2011, descrito abaixo:
“Os insumos farmacêuticos representam o início da cadeia produtiva da indústria farmacêutica. Para assegurar a qualidade na produção de medicamentos a Anvisa é responsável pela autorização de funcionamento  das empresas e pelo controle sanitário dos insumos farmacêuticos, mediante a realização de inspeções sanitárias e elaboração de normas. A Anvisa também implementou o cadastramento dos insumos farmacêuticos ativos para as empresas que exerçam as atividades de fabricar, importar, exportar, fracionar, armazenar, expedir, embalar e distribuir. As notificações de insumos farmacêuticos com desvios de qualidade comprovados também são avaliadas pela ANVISA.”
 Considerando a publicação da Resolução RDC nº. 57, de 18 de novembro de 2009, que institui a obrigatoriedade de registro de insumos farmacêuticos ativos, conforme cronograma estabelecido pela IN 15/2009, foi publicada a Resolução RDC Nº. 29, de 10 de Agosto de 2010 que dispõe sobre a certificação de Boas Práticas de Fabricação para fabricantes internacionais de insumos farmacêuticos ativos.
Foi publicada em 12/08/10 a Resolução RDC nº 32, de 10 de Agosto de 2010, alterando a Resolução RDC nº 204, de 14 de novembro de 2006 que dispõe sobre Boas Práticas de Distribuição e Fracionamento de Insumos Farmacêuticos, conforme pesquisa portal ANVISA.
A indústria farmacêutica nacional faz suas aquisições de seus insumos através das seguintes fontes de suprimentos:
 Fabricantes locais de insumos: Fabricantes de insumos farmacêuticos (ativos, excipientes, material de acondicionamento e embalagens);
Distribuidores locais: Fornecedores locais que importam e distribuem localmente os insumos.
Fornecedores estrangeiros: Contato direto no exterior para importação, no caso das ‘Big farmas’ são atendidas suas plantas em outros países e no Brasil, através de contratos globais de fornecimento.
•   Trade: Parcerias para importação direta através de parcerias locais que atuam como representantes destes fornecedores de insumos no mercado Brasileiro para importação direta.
Com relação aos fornecedores insumos farmacêuticos no Brasil, temos os fornecedores locais que são os fabricantes de insumos farmacêuticos que fazem à produção de ativo ou excipientes como também de embalagens para atender o mercado local e também exportam.
Já os distribuidores locais com parcerias no exterior, muitos deles com estrutura para identificação, desenvolvimento e qualificação no exterior através de equipe própria ou terceirizada para fazer auditorias e qualificação, como também possuem laboratório próprios ou terceirizados para fazer análises insumos, atuam como revenda fazem a importação direta dos insumos e revendem no Brasil para indústria farmacêutica com sua margem de lucro.

5- O complexo quimico e a cadeia produtiva
O complexo quimico e a cadeia produtiva dos farmacos:


Conforme Cleila G. Pimenta Bosio - Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial O 1º elo fornecedores da indústria farmacêutica nacional, conforme, “o Brasil é dependente da importação de: Reagentes (solventes de alto grau de pureza); Embalagens (vidro); Equipamentos e máquinas; Materiais para Laboratórios e Princípios ativo/Fármacos”.  

O 2º elo fabricantes de medicamentos privados:”Medicamentos de marca (90% são de multinacionais); similares e Genéricos”.
         
O 3º elo, distribuidores, que fornecem medicamentos para cerca de 60 mil farmácias, além de abastecer os estoques de clínicas e hospitais privados. Existem, aproximadamente, 3.844 distribuidores de medicamentos operam no Brasil. (CFF, 2010). As quinze maiores empresas concentram cerca de 60% dos negócios (CARNEIRO, 2005).
Conforme Cleila G. Pimenta Bosio - Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial, o 4º elo – cadeia de farmácias independentes e redes:
...79.000 farmácias e drogarias registradas (CFF, 2010) -país com o maior número de farmácias do mundo. Em 2005, elas empregavam cerca de 200 mil pessoas. Quase 70% delas se enquadram como micro ou pequena empresa e apenas 10% como de grande porte (CARNEIRO, 2005). Esse elo da cadeia farmacêutica é fragmentado, sendo que a maioria dos estabelecimentos são farmácias independentes. A distribuição das farmácias pelo Brasil se caracteriza pela maior concentração nas regiões Sul e Sudeste. Isso se deve a maior concentração da renda por habitante nessas regiões, além das facilidades logísticas, conseqüentes da maior proximidade dos grandes laboratórios farmacêuticos presentes no Brasil.

 Descrevendo um pouco sobre o segmento e os produtos farmacêuticos, podem ser classificados em quatro grandes categorias(Campos et al , 2001): Novas moléculas, Produtos de prescrição médica, produto OTC (Over The Counter), produtos genéricos.

Os produtos e insumos farmacêuticos são distribuidos até chegar ao paciente ou consumidor final através da cadeia de abastecimento farmacêutica composto por: fornecedores e prestadores de serviços(1º elo da cadeia), os produtores de medicamentos (2º elo, indústria pública e privada), a distribuição (ou 3º elo) composto por centrais de abastecimento do governo, distribuidor, operador logístico, importadores e centrais de distribuição empresas privadas. Já o 4º elo, prestadores de serviços de saúde e varejo composto por:  postos e centros de saúde, hospitais públicos e serviços de saúde, farmácias independentes e farmácias de rede, exportação.

Abaixo o Macrofluxo da cadeia de abastecimento farmacêutico no Brasil:






6 - O novo cenário da indústria farmacêutica

O mercado farmacêutico brasileiro cresceu de forma acelerada na última década, impulsionado, sobretudo, pelos medicamentos genéricos. No entanto, um novo cenário de concorrência se desenha para a indústria, em função de pressões que afetam particularmente a formação de preços e a dinâmica de reposição de portfólio. Essa perspectiva reforça a importância de uma revisão das estratégias empresariais para um posicionamento mais competitivo da indústria farmacêutica do país.

Nos últimos anos, a indústria farmacêutica mundial vem passando por mudanças importantes no perfil de demanda, nas competências tecnológicas requeridas e no cenário competitivo, que motivaram as empresas do setor a adotar novas estratégias. 

Busca-se discutir as principais implicações para a concorrência no segmento, especificamente sobre rivalidade e, em especial, sobre a condição de entrada a partir de informações do setor. A discussão é feita considerando, em paralelo, o ambiente norte-americano de regulação, e seu processo produtivo, que, diferentemente do Brasil, realiza pesquisas e desenvolve medicamentos pioneiros em larga escala. Os resultados apontam para um aumento da concorrência no setor para o caso de medicamentos com patentes expiradas.


O Brasil se insere no contexto global da indústria farmacêutica como um dos mercados mais dinâmicos da última década, apresentando taxas de crescimento de dois dígitos. Impulsionado pelos medicamentos genéricos e pela ascensão de um grande número de novos consumidores, o mercado farmacêutico brasileiro alcançou a sexta posição mundial em 2013.

A grande quantidade de produtores de medicamentos genéricos reflete, em parte, o fato de existir flexibilidade de oferta na produção do setor farmacêutico, pois vários deles só os fabricam em alguns períodos de boas oportunidades de ganhos, tendo, portanto, o registro na Anvisa para o medicamento em questão. Mas, quando não produzem aquele medicamento especificamente, estão produzindo outros, sem deixar sua atividade no setor farmacêutico.

A negociação no mercado entre produtores, intermediários e consumidores ocorre por meio de descontos sobre o preço-teto. Sendo assim, o espaço para a atuação das políticas públicas de defesa da concorrência ocorre sobre o grau de descontos negociados entre setores; o preço-teto, no entanto, é um entrave que impede variações para valores acima desse teto. Note que, em um setor regulado, não pode haver conflito entre a atividade de regulação e a política de defesa da concorrência; se houver, conforme Lisboa (2007), isso se deve ou a problemas de definições de funções, ou à inconsistência temporal.

A concorrência entre os medicamentos pioneiros de marca e genéricos. Conforme Grabowski e Vernon (1992), Frank e Salkever (1991), Kamien e Zang (1999), Hurwitz e Caves (1988) e Hellerstein (1994,1998) existem dois tipos de demanda: uma demanda que é leal à marca e outra que percebe o genérico como idêntico ao medicamento de marca e,
portanto, é mais sensível às variações de preços. Desse modo, a separação entre tipos de consumidor implica que quem é leal à marca não é influenciado por variações de preços, ainda que abruptas, dos genéricos. Assim, a concorrência que se estabelece é entre os produtores de genéricos que disputam por consumidores mais elásticos às variações de preços e não sobre o grupo de consumidores fiéis à marca. O benefício social deve ser avaliado, desse modo, pela redução do preço médio do medicamento, e não pela queda de preços de todos os medicamentos envolvidos.


7  - Conclusão:

A cadeia de abastecimento farmacêutica no Brasil é composto por fabricante público e privado, sendo no privado empresas nacionais e transnacionais.O Brasil se insere no contexto global da indústria farmacêutica como um dos mercados mais dinâmicos da última década, apresentando taxas de crescimento de dois dígitos. Conforme dados SINDUSFARMA / IMS Health, as vendas de medicamentos cresceram em média 17,88% desde 2003 no Brasil, o mercado farmacêutico total em 2014 foi de US$ 28 Bilhões no canal farmácia, desde total, as vendas dos genéricos foram de US$ 6,9 Bilhões.

Mercado farmacêutico mundial e no Brasil é bastante regulado por se tratar de saúde humana, definem políticas públicas e regulação pelo governo através de seus orgãos e agências regulamentadoras: Ministério da Saúde, ANVISA e CMED. A Anvisa monitora os preços dos medicamentos que estão no mercado e auxilia tecnicamente no estabelecimento do preço de novos medicamentos. Uma de suas atribuições é exercer a função de Secretaria Executiva da Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos CMED (Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos) Órgão interministerial responsável por regular o mercado e estabelecer critérios para a definição e o ajuste de preços.

No Brasil, parte significativa da produção de medicamentos, inclusive no que se refere às multinacionais, consiste na manipulação de princípios ativos importados. Os insumos utilizados na indústria farmacêutica são em sua maioria insumos produzidos fora do Brasil, principalmente os ativos farmacêuticos. As indústrias importam seus insumos e ativos, mas também têm o fornecimento local de insumos que é feito por importadores que distribuem os mesmos no mercado local, administrando todo processo logístico: desde identificação de fornecedores e fabricantes de insumos no exterior, como também a qualificação dos mesmos e desenvolvimento no mercado local Brasil.

Os produtos e insumos farmacêuticos são distribuidos até chegar ao paciente ou consumidor final através da cadeia de abastecimento farmacêutica composto por: fornecedores e prestadores de serviços, os produtores de medicamentos (indústria pública e privada), a distribuição composto por centrais de abastecimento do governo, distribuidor, operador logístico, importadores e centrais de distribuição empresas privadas. E na ponta os Prestadores de serviços de saúde e varejo composto para atender os pacientes ou consumidores:  postos e centros de saúde, hospitais públicos e serviços de saúde, farmácias independentes e farmácias de rede, exportação.


FONTE:

ANVISA - Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Disponível em: <http://www.anvisa.gov.br/> Acesso em: 10 Março. 2015.

CLEILA G. Pimenta Bosio - Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial II Fórum Nacional de Competitividade da Cadeia Produtiva Farmacêutica no Brasil, Brasília DF em 02/12/2010.


IMS Health - World Drug Purchases(2007), site www.imshealth.com/

INTERFARMA – Associação da Indústria Farmacêutica de Pesquisa. Disponível em:<http://www.interfarma.org.br> Acesso em: 15 Nov. 2010.

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PINHEIRO, M.A. Investimento e Price Caps num Mercado de Competição Imperfeita: uma abordagem estocástica em tempo contínuo. Dissertação (economia).Rio de Janeiro: PUC-RJ, 1999.

PINHEIRO, E.S. A indústria farmacêutica transnacional e o mercado brasileiro – in Medicamentos e a Reforma do Setor Saúde. Bermudez, J.A.Z; Bonfim, J.R.A.(Org.).

ROCHA, F.; SOUZA, I. V. Reajuste de preços na indústria farmacêutica brasileira e o fator
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SINDUSFARMA. Acesso em 10 de Março de 2015. http://www.sindusfarmacomunica.org.br/indicadores-economicos/ 


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